segunda-feira, 12 de julho de 2010

suicídios e pseudo-moralidade

É fundamental para uma ponderada tomada decisão, que o seu exercício decorra em circunstâncias de plena liberdade de raciocínio, desprovida dos mais diversos preceitos de índole religiosa ou para-moral, pois só assim a virtude humana se revela naquilo que se reconhece como sendo o seu carácter ponderador e racional.

Remeto agora especificamente para o âmbito do suicídio, fenómeno de ferocidade reconhecida em todos os quadrantes da sociedade e para os quais, as mais perversas e conspurcadas bocas despejam ignomínias imundas, cobardes e ociosas. É de extraordinária importância compreender que tal fenómeno ocorre fruto do propósito e sucesso daqueles que convictos da razão dos seus pensamentos, descrevem com particular convicção e persuasão as fronteiras do certo e do errado tal verdade indubitável e de carácter universal. Deste modo, compreendemos que antes de mais, o escárnio encontra-se em jeito de benesse para os "legisladores morais" como meio de servir o seu propósito instrutivo com recurso a estes agentes pouco reflexivos e ainda menos compassivos, já que só estes seres desprovidos de cuidado em função do mal alheio seriam capazes de por seu turno, julgar e maldizer os propósitos que levariam a vítima a auto-suprimir-se antes desta o ter feito. Assim sendo, sujeita aos mesmos julgamentos, mas com os observados prejuízos para a pobre alma, ela esquiva-se da mesquinhez do social e das suas insinuações de uma forma eficaz. Este desejo de eficácia parece representar uma afirmação do suicidado em relação ao poder que este ainda detém sobre o decurso dos factos, desejo este que pode aprisionar mesmo o espírito mais férreo e vivaz sob fatais e propícias condições.

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